Já não bastavam as mortes atibuídas ao encerramento das urgências hospitalares e dos Serviços de Atendimento Permanente. Nem as mortes inexplicáveis de dois idosos no Hospital de Aveiro. A publicitação das conversas que um elemento do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) teve com dois bombeiros das corporações de Favaios e de Alijó, a propósito da necessidade de socorro a um homem de Castedo do Douro, pôs a nu as muitas fragilidades que o sistema de emergência português ainda tem e aumentou ainda mais os receios da população, sobretudo mais carenciada e desprotegida, que não tem meios para se recorrer aos sistemas privados de saúde. E pede Correia de Campos que os portugueses ajudem a melhorar as relações entre o INEM e os bombeiros. Que tal os membros do Governo começarem por dar o exemplo?
Oiçam e reflictam bem no problema:
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Depois dos médicos, são agora os enfermeiros do Hospital Distrital de Faro que lançam um grito de alerta para o que se está a passar nas urgências daquela unidade de saúde. Há muito que as instalações deixaram de ter capacidade de resposta à procura, que, ao contrário do que o ministro Correia de Campos veio afirmar, não aumenta apenas nos meses de verão. Prova disso é o que se está a passar actualmente, com centenas de doentes acamados nos corredores, sem qualquer tipo de privacidade mesmo na hora de fazer a sua higiene diária e sujeitos aos mais diversos tipos de infecções. A situação descrita pelos técnicos de saúde e as imagens televisionadas são de tal forma chocantes que não deixam de causar alarme social a todos quantos dependem daquele hospital. E a única reacção do ministro da Saúde é dizer que o novo hospital, que ainda nem sequer está em construção, irá resolver todos os problemas agora sentidos. Mais uma vez, Correia de Campos deu um tiro no pé. Serão precisas mais provas para demonstrar que está mais do que na hora de remodelar o ministro da Saúde?
Desde que iníciou o processo de encerramento de urgências hospitalares e Serviços de Atendimento Permanente (SAP), o ministro da Saúde tem estado debaixo de fogo cerrado. População, autarcas, partidos da oposição e técnicos de saúde têm-se manifestado veementemente contra esta política. Mas com uma calma por vezes a roçar o cínico, Correia de Campos tem sempre defendido o seu projecto de reestruturação da rede de urgências, chegando mesmo a alvitrar que, daqui a pouco tempo, os portugueses até lhe vão agradecer por ter tomado estas decisões. O problema é que os sucessivos casos de mortes ocorridas em áreas onde recentemente encerraram serviços de urgência em nada abona em favor desta política arrogante. E hoje mesmo, um bebé de cerca de três meses morreu ao colo da mãe, dentro de uma ambulância, ao seu transportado ao Hospital de Viseu, uma vez que as urgências do da Anadia foram encerradas. Como defende o presidente da Administração Regional de Saúde - Centro, pode nem haver um nexo de causalidade entre um e outro facto, mas a verdade é que a suspeição fica sempre no ar. E cria insegurança na população. Mais. Se Correia de Campos tem tanta certeza de que este é o caminho certo, não se percebe por que razão, hoje mesmo, evitou uma manifestação de utentes dos hospitais de Anadia e da Universidade de Coimbra, quando se deslocou ao Hospital dos Covões para inaugurar a nova Unidade de Cardiologia de Intervenção. Em vez de entrar pela porta principal, entrou pela porta do cavalo. Costuma dizer-se que quem não deve, não teme!, mas o ministro da Saúde deve ter-se esquecido deste adágio popular. Ou será que deve alguma coisa?
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