Garantem-nos confidencialidade e protecção total dos nossos dados pessoais. Mas na era das novas tecnologias todos os cuidados são poucos relativamente a estas matérias. E muitas vezes, as empresas e entidade que deveriam dar um exemplo nesta área, são as primeiras a quebrarem as regras.
Recentemente, um familiar meu comprou um cartão TMN. Quando tentou registar-se na página web da empresa como um novo utilizador, o pedido foi recusado porque aquele número de telemóvel - que ele acabara de comprar - já estava registado. Através do mesmo site, e fornecendo o seu e-mail, solicitou a password do registo, que lhe foi prontamente enviada. E na posse dessa palavra-passe entrou, finalmente, como utilizador. Qual não foi o seu espanto ao verificar que o seu número de telemóvel que estava registado em nome de uma pessoa que mora em Lisboa (na zona das Laranjeiras) e que, além do nome e morada completos, tinha acesso ao seu número de identificação bancária.
O que se passou? Provavelmente, há muitos anos, aquele número de telemóvel terá pertencido a outra pessoa. Uma vez que não era utilizado há muito tempo (não sei qual o período obrigatório), a TMN reactivou o número e vendeu-o. Esqueceu-se, no entanto, de eliminar o antigo registo na sua página web, permitindo que o novo utilizador tivesse acesso a este. Imaginem só se o cartão fosse vendido a alguém menos escrupuloso, que utilizassem esses dados pessoais para fins menos legais.
Depois deste caso, passei a ser ainda mais cuidadosa no que diz respeito a facultar os meus dados pessoais via net. E aconselho: se perderem ou vos roubarem ou desistirem de um número de telemóvel, tenham o cuidado de verificar se os vossos registos nas respectivas operadoras são devidamente destruídos e não ficam disponíveis a qualquer um. Não vá o diabo tecê-las!
Nunca fui apreciadora de reality shows, embora tenha tido sempre a curiosidade de entender o que leva tantas pessoas a candidatarem-se a programas onde a sua privacidade é literalmente dissecada à frente de milhões de telespectadores (será apenas a questão do avultado prémio monetário?). Muitos desses concorrentes serão capazes de encarar mal quem no dia-a-dia tecer qualquer comentário sobre a sua vida pessoal, mas não mostram qualquer pejo em falar abertamente disso sob os holofotes dos estúdios de televisão.
Tudo isto vem a propósito de O Momento da Verdade, transmitido pela SIC nas noite de segunda-feira. Nunca vi uma emissão do programa, mas já vi tantos resumos no Fátima e li tantas críticas e entrevistas dos seus intervenientes, que me sinto minimamente elucidade sobre o conteúdo do mesmo. Confesso que o que mais me perturba neste programa não é o facto de alguém admitir que já roubou ou que bate na mulher, por exemplo, mas sim o facto de os produtores do programa não verem qualquer problema em trazer estas confissões a público como se estas não constituíssem crime (já para não dizer que são moralmente condenáveis). E ainda defendem que os limites deste tipo de programas são a ética e a moral (sic).
Numa entrevista publicada na sexta-feira, na revista Notícias TV, o produtor de O Momento da Verdade, Piet-Hein Bakker afirma que não há "melhor maneira de denunciar este tipo de situações do que emitir um programa destes em horário nobre". Pergunto: se durante o processo de selecção um candidato confessar que bate na mulher ou que conduz sem possuir carta de condução, a produção ficará imóvel e esperará até à emissão do programa para que o crime se torne público? Mesmo que isso signifique, por exemplo, que a mulher do dito candidato continue a ser agredida por este? Na mesma entrevista, Piet-Hein garantia que não admitiria no programa pedófilos, nem homicidas. O que faria nestes casos: limitava-se a bani-los do processo de selecção ou denunciaria os crimes às autoridades policiais? Ficamos à espera das respostas.
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