A questão está a suscitar um aceso debate na sociedade francesa, depois de o Parlamento ter hoje decidido criar uma comissão que, nos próximos seis meses, terá como missão decidir se o uso de véu integral (burka) pelas mulheres muçulmanas que vivem no país deverá ou não ser proibido. Sarkozy argumenta que a burka não é um símbolo religioso, mas sim de subjugação e de humilhação das mulheres e, como tal, deve ser rejeitado por todos os Estados que defendem a liberdade e a igualdade dos cidadãos. A temática é demasiado sensível e levanta várias questões: até que ponto os Estados podem/devem interferir na vida privada dos seus cidadãos? Até onde podem/devem impedir o uso de determinados símbolos culturais? Em última instância, até onde é que a liberdade dos cidadãos poderá colocar em causa os princípios basilares de um Estado?
É verdade! As mulheres fazem a democracia melhor. Mas não apenas se integrarem listas políticas candidatas a determinado acto eleitoral por força da Lei da Paridade. As mulheres fazem a democracia melhor se ocuparem também lugares de decisão na magistratura, nas universidades, nos centros de investigação, nas empresas, nas unidades de saúde, nas polícias, nas forças armadas, etc., etc., etc. Os números não mentem. Há cada vez mais mulheres nas universidades e, consequentemente, no mercado de trabalho nas mais diversas áreas. Mas este crescimento não se tem traduzido num aumento proporcional do número de mulheres que ocupam lugares de decisão. Esses continuam quase como que um exclusivo dos homens. E este é um ciclo que ainda vai demorar várias décadas a interromper.
A Lei da Paridade determina que "as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e as autarquias locais são compostas de modo a assegurar a representação miníma de 33% de ambos os sexos". E o nosso pensamento imediatamente se centra nas mulheres. A propaganda institucional que se vê/ouve nas rádios, televisões, jornais, revistas, centra-se nas mulheres. Todo o debate que se gerou em torno da lei centrou-se sobre o acesso das mulheres à política, como se esse não fosse um direito delas como cidadãs de plenos direitos (e deveres) que são, mas sim uma benesse conferida pelo legislador. Leis como esta em nada dignificam as mulheres nem a democracia. Só a prática, a começar pela dos gestores públicos, contribuirá para uma efectiva mudança de mentalidades e, consequentemente, na participação igualitária das mulheres em todas as áreas de vida comunitária.
Não podia ter sido pior a escolha da capa da revista Happy Woman que assinala o terceiro aniversário da publicação. A imagem de uma mulher com aspecto andrógino, com expressão assustada como se alguém (o leitor?) estivesse a ponto de a atacar e com as mãos a cobrir os seios nus, como se sentisse vergonha do seu corpo. É este o modelo de uma Happy Woman??!!
A imagem da capa da revista está espalhada por toda a cidade. Nas estações do metro, sobre um fundo verde alface, e em mupis nas ruas. Num desses mupis pelos quais passo diariamente, alguém colou um papel onde tinha escrito - "Happy = Anoretic". Concordo perfeitamente. É mesmo esta a ideia que aquela imagem transmite, a de que para sermos mulheres felizes temos que ser anoréticas, doentes, frágeis. Nada mais longe da verdade!
... e porque muitas mulheres e homens não conhecem a origem deste dia, deixo-vos aqui um excerto da minha dissertação de mestrado:
Amanhã é o Dia Internacional da Mulher. Decidi, por isso, deixar-vos aqui algumas sugestões de leituras dedicadas ao tema.
A francesa Simone de Beauvoir foi um marco no movimento feminista a partir da década de 50. Em "O Segundo Sexo", a autora examina a condição feminina em todas as suas vertentes e alguns factos e mitos relacionados com o feminismo
Em 1972, as três Marias (Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta) desafiaram os poderes instituídos e publicaram "Novas Cartas Portuguesas". O livro foi considerado "imoral" e "pornográfico" por retratar mulheres livres, que se interrogam àcerca da sua identidade, da sua sexualidade, da sua relação com os homens, que questionam a religião e as regras morais impostas. Por causa disso, as autoras foram proibidas de sair do país e os seus nomes não podiam ser referidos na imprensa. Só o 25 de Abril de 1974 as livrou de um julgamento.
Belíssimo retrato do Portugal da década de 50 pintado pelas palavras Maria Lamas. Em "Às Mulheres do Meu País", a jornalista traça-nos o quadro da condição feminina a partir das suas várias reportagens em várias regiões do país. A não perder!
Da autoria de Lígia Amâncio e Isabel do Carmos, "Vozes Insubmíssas - A História das Mulheres e dos Homens que Lutaram pela Igualdade dos Sexos Quando era Crime Fazê-lo" fala-nos da primeira vaga do feminismo, dos movimentos de homens e mulheres que ergueram as vozes pela liberdade e igualdade de direitos das mulheres.
Este é um tema que me é particularmente caro. Foi, aliás, objecto da minha dissertação de mestrado na área de História. Durante séculos e séculos, individualmente ou em grupo, com mais ou menos visibilidade pública, com mais ou menos dificuldades, as Mulheres lutaram pela igualdade de direitos em todas as áreas - política, cívica, económica jurídica -, mas em pleno século XXI, as dísparidades entre os géneros são ainda gigantescas. Mesmo nos países ditos desenvolvidos.
Tudo isto vem a propósito da apresentação, hoje, em Portugal, do "Relatório Progresso das Mulheres do Mundo 2008/2009: Quem responde às Mulheres? O relatório Género e Responsabilização", elaborado pela UNIFEM - Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. De acordo com o documento, os números continuam ainda bastante negros: 60% dos trabalhadores familiares não remunerados são mulheres; as mulheres ganham menos 17% do que os homens; os homens têm cinco vezes mais probabilidade de ascender a cargos de decisão do que as mulheres; 57% das crianças que não frequentam a escola são mulheres. E os exemplos multiplicam-se.
Felizmente, há alguns progressos: 18,4% dos lugares parlamentares são ocupados por Mulheres (2008) contra 10,4% registados em 1998; na África subsariana, as mulheres correspondem a cerca de 70% da mão-de-obra utilizada na agricultura; em 2005, 39% dos trabalhadores agrícolas eram mulheres; em 2006, 86 países já tinham instituído algum tipo de legislação contra a violência doméstica. Mas é preciso muito mais. É preciso que as Mulheres e os Homens não baixem os braços e continuem a sua luta pela igualdade de direitos. É preciso que nós, Mulheres, não nos deixemos abater perante o primeiro obstáculo. É preciso que nós, Mulheres, não tenhamos medo de ter voz e de a fazer ouvir. É preciso que nós, Mulheres, reivindiquemos os nossos direitos. É preciso que nós, Mulheres, continuemos este caminho.
O primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, voltou a brindar as mulheres com mais uma das suas piadas de muito mau gosto. Comentando a onda de violações que se tem registado no país, Berlusconi saiu-se com esta declaração: "Teríamos que ter (nas ruas) tantos soldados como mulheres italianas bonitas existem. Creio que não o conseguiremos nunca!" Só faltou mesmo acrescentar, como eu já ouvi, que uma mulher que ande na rua de mini-saia e com uma blusa decotada está mesmo a pedir para ser violada!
Meus senhores: tenham vergonha!
Os números não mentem: este ano, cerca de 40 mulheres foram mortas num quadro de violência doméstica. Mais do dobro do que o ano passado. E 2008 ainda não acabou! Mesmo com as várias campanhas de alerta e de sensibilização sobre este crime hediondo, os números continuam a mostrar um retrato bastante negro. Aos poucos, as mulheres vítimas de violência doméstica ganham coragem para denúnciar as sevícias de que são vítimas, por vezes, ao longo de décadas e décadas. Mas o que acontece quando as instituições que as deviam proteger as obrigam a conviver com o seu agressor?
De acordo com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), não são raros os casos em que os tribunais, apesar de reconhecerem e condenarem os agressores, permitem que estes continuem a partilhar a vida com a vítima. O caso mais recente prende-se com um casal residente em Alcanena. Durante 30 anos, a mulher sujeitou-se aos maus-tratos recorrentes, por vezes, na presença dos filhos. O tribunal de primeira instância deu-lhe razão e condenou o marido a dois anos de prisão, ao pagamento de uma indemnização de 4500 euros e a manter-se afastado de casa durante 16 meses (!!!). Mas o pior estava ainda por vir.
Os desembargadores da Relação de Coimbra consideraram provados todos os factos e mantiveram a sentença. Contudo, consideraram que o agressor deve permanecer na casa de família, "uma vez que o direito a uma habitação também é um direito constitucional". Ou seja, consideraram que "não há factos donde se retire que o arguido possa, com maior ou menor dificuldade, acolher-se noutra [casa]". Ou seja, mais importante do que manter agressor e vítima afastados é assegurar que este continue a ter um tecto. De preferência, debaixo do qual possa continuar a maltratar a mulher. Até que a morte os separe!
... e o Sporting ontem ganhou ao Rio Ave e o F. C. Porto perdeu na Figueira da Foz (eh! eh! eh!)...
Este ano, fui ao Salão Internacional Erótico de Lisboa. Foi a minha primeira vez. No salão, esclareça-se. Fui em trabalho, mas com grandes expectativas. Um evento com tanto sucesso (consegue arrastar cerca de 40 mil pessoas em três dias, apesar de a entrada custar 20 euros) devia ter algo de muito... excitante... para oferecer. Mas saí desiludida. Percebi, finalmente, porque é que são poucas as mulheres que vão ao Salão Erótico (que é mais pornográfico do que erótico). Este é concebido por homens para homens. A maioria dos espectáculos são protagonizados por mulheres que se despem integralmente. Os strippers masculinos ficam sempre de tanga. Como é que nós, mulheres, vamos saber que aquele volume que apresentam é mesmo deles? Como saber que não é artificial? Por que não podemos nós, mulheres, ter também o privilégio de ver um homem totalmente nú? Granda tanga! É verdade que fiquei a conhecer algumas novidades em termos de produtos eróticos e a saber que em Janeiro começará a ser publicada uma revista erótica dirigida ao público feminino. Mas achei pouco. Muito pouco. Quero mais. Muito, muito mais!
E já que estamos a falar de erotismo, sexo, pornografia e afins, deixo aqui um conselho a todos os quanto queira concretizar as suas fantasias: be carefull! Nunca se sabe como é que estas podem acabar... vejam o caso deste moçoilo.
É uma das minhas autoras de banda desenhada preferidas. Maitena retrata como poucas as mulheres actuais, embora, por vezes, nos custe a admitir que somos mesmo assim. Mas... já pensaram bem, vocês, homens, nos vossos defeitos e neuras?
E como o prometido ainda é devido, aqui ficam as respostas às adivinhas que coloquei na semana passada:
1- Esmola;
2 - Cigarro;
Não eram simples? Ai essas mentes perversas....
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