Uma semana depois de ter denunciado que os militares da GNR de Vialonga eram transportados numa carrinha celular, por falta de outro meio de transporte, a SIC noticiou hoje que essa carrinha foi substituída por um veículo... que não tem a inspecção obrigatória em dia e que tem uma porta... emperrada. Sinceramente, não sei o que é pior! As duas situações são extremamente humilhantes para uma força que tem como objectivo a defesa da segurança dos cidadãos (incluindo a segurança rodoviária) e que por estes deve ser respeitada. Mas se nem os seus próprios superiores hierárquicos parecem preocupar-se com este tipo de situações, não se admirem, depois, se os militares forem alvo de chacota ou não poderem acorrer com a prontidão exigida a situações de emergência.
Estaremos num país do terceiro mundo e eu ainda não dei por nada?
Na sua habitual crónica no diário "24 horas", Joaquim Letria dissertava hoje sobre os recentes casos de suicídio entre elementos das forças de segurança, recordando que só no espaço de cinco dias cometeram suicídio três militares da GNR e um agente da PSP. Recusando o argumento de que tais actos se deveram a "problemas passionais", Joaquim Letria critica a insuficiência do apoio médico e a desatenção das chefias destas forças de segurança para este tipo de situações. Infelizmente, não são casos únicos.
Cada vez mais, as empresas e instituições olham para os seus colaboradores não como seres humanos que são, mas sim como meros instrumentos de produção, facilmente descartáveis, facilmente substituíveis. A pressão a que todos nós somos diariamente sujeitos, o número de horas que vivemos nos nossos locais de trabalho, as ordens e contra-ordens que recebemos, a falta de diálogo entre os diversos níveis de hierarquia e o ouvir e calar a que somos obrigados levam-nos muitas vezes a cometer actos destes ou semelhantes.
As empresas e instituições desumanizaram-se. Não têm tempo, nem espaço para perceber por que razão um dos peões anda para a direita, quando todos os outros caminham para a esquerda. Limitam-se simplesmente a colocá-lo de lado e a substituí-lo. Atendendo à crise económico-financeira que o país atravessa, à precariedade no emprego e à falta de aposta na saúde mental dos portugueses, surpresa é que a taxa de suicídios em algumas categorias profissionais ou os casos de actos tresloucados não tenham aumentado.
Acreditem que não é piada! É mesmo verdade e a GNR juro, a pés juntos, que o que está por detrás desta ordem está uma questão de "solidariedade". Isso mesmo, de solidariedade para com aquele que ficou conhecido como o serial killer de Santa Comba Dão. Para aquele que assassinou três jovens e foi condenado a 25 anos de prisão por esses crimes.
A história conta-se em breves palavras. Na próxima segunda-feira, o cabo Costa faz anos e o comandante-geral da GNR quer "nomear um militar, de preferência voluntário" do Grupo Territorial de Viseu (ao qual ele pertencia) para o ir visitar nesse dia ao presídio de Tomar. Obviamente, que tal ordem, perdão!, pedido, causou mal-estar na corporação.
Confesso que não sei se o mais grave é o comandante-geral da GNR se ter lembrado de emitir esta ordem, perdão!, pedido, se a justificação dada, a da solidariedade para com um homicida. E esta, hein?
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