Estreei-me hoje no novo troço do Metropolitano de Lisboa, entre as estação Alameda e São Sebastião. Graças a este prolongamento da Linha Vermelha, consegui reduzir para metade o tempo de viagem que diariamente faço no metro. Claramente, um verdadeiro ganho! Metro a Metro, Lisboa fica mais pequena.
Não sei se é por causa da crise económico-financeira ou por uma qualquer avaria técnica ainda não reparada. A verdade é que este verão, o sistema de ar condicionado das carruagens do Metropolitano de Lisboa ainda não foi colocado a funcionar. E quem sofre, como sempre, são os passageiros. O calor dentro dos comboios chega a ser infernal, tão infernal que até os turistas se queixam. Pior ainda nos dias de intenso calor ou quando as composições circulam à pinha (sim, em pleno mês de Julho, ainda há horas em que o Metro circula à pinha).
Não há semana em que não se registe pelo menos um caso de perturbação na circulação de comboios da rede do Metropolitano de Lisboa. Ou por causa de uma avaria técnica que nunca é devidamente explicada, ou por um motivos alheio à empresa (seja porque alguém que se sentiu mal ou decidiu ir explorar os túneis) ou por uma outra razão qualquer. Ainda na última sexta-feira a circulação na linha Azul esteve mais de 20 minutos interrompida por um desses motivos alheios ao Metro. A empresa explicou mais tarde que um passageiro accionou o sistema de segurança, devido ao cheiro a fumo, mas que tudo não passou de falso alarme. A verdade é que o primeiro comboio a chegar à estação Baixa/Chiado cheirava intensamente a fumo, o que foi logo notado por todos e, como diz o povo, não há fumo sem fogo! Também já fui obrigada a apanhar um táxi porque alguém decidiu passear pelos túneis e a empresa não sabia dizer durante quanto tempo o serviço estaria interrompido (compreensível, neste caso!). O que eu não compreendo é por que razão foi devolvido o dinheiro aos passageiros que tinham bilhete e quem tinha passe (como era o meu caso), além de não ter sido compensado, ainda teve que pagar transporte alternativo. Afinal, parece que no Metropolitano de Lisboa há uns que são mais clientes do que outros. Já para não falar na inexistência de casas-de-banho nas estações, das portas automáticas que não reconhecem os títulos de transporte ou que entalam os passageiros, das notícias retardadas que nos são dadas nos ecrãs de televisão ou da falta de informação sobre a chegada do próximo comboio, tão propalada há vários anos. Mas isso são contas de outro rosário!
Quase todos os dias me cruzo com ele nas carruagens do Metropolitano de Lisboa. Deve ser rapaz para os seus 30 anos. Cabelo e barba pretos, mal-aparados. Na mão direita, a bengala branca. Ao peito, a lata na qual recolhe as esmolas que lhe dão, que depois guarda nos bolsos das calças de ganga. Com a gaita de beiços faz soar músicas com as quais tenta amolecer os corações mais duros.
Quase todos os dias me cruzo com este jovem invisual nas carruagens do Metropolitano de Lisboa. E quase todos os dias, independentemente do número e do valor das moedas que lhe dão oiço, os seus improprérios contra tudo e contra todos. As suas ofensas são de tal ordem que, por várias vezes, assisti a troca de galhardetes entre ele e alguns dos outros passageiros do Metro. Houve mesmo alturas em que, por pouco, não chegavam a vias de facto.
Quase todos os dias me cruzo com ele nas carruagens do Metropolitano de Lisboa. Nunca lhe dei uma esmola. Não sei se alguma vez lhe darei. Como muitas outras pessoas, não estou para ser insultada por alguém que não sabe reconhecer o bem que lhe fazem. Revoltado, sim, mas mal-criado, não!
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