A ânsia em querer esconder da opinião pública tudo o que possa beliscar a imagem do Governo dá azo a situações destas. Principalmente, quando se trata de um Governo desgastado, em que o maestro parece já não conseguir com que os seus ministros toquem todos ao mesmo ritmo. Se não, vejamos! Enquanto no plenário, o primeiro-ministro, em resposta a Paulo Rangel (PSD), dizia que Carlos Guerra tinha apresentado a demissão - e esta tinha sido aceite - do cargo de gestor do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODEP) há uma semana, depois de ter sido constituído arguido no âmbito do caso Freeport, cá fora, o ministro da Agricultura dizia aos jornalistas que ia "esta tarde" ter uma reunião "com o senhor arquitecto" para falar sobre o assunto. No plenário, José Sócrates dizia que já tinha sido tomada a decisão de nomear um substituto, que é o que "um Governo decente deve fazer". Cá fora, Jaime Silva assegurava que só tomaria uma decisão depois da "tal" reunião. Para um Governo liderado por um primeiro-ministro que se arroga combatente da mentira, este episódio nada abona em seu favor!
Depois de ontem ter dito que "todos os (processos) de políticos têm de ser rápidos, porque são cidadãos que são o nosso espelho e vão intervir sobretudo neste ano de campanhas eleitorais", a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal afirmou hoje, em entrevista à SIC, que "são todos iguais perante a lei".
Cândida Almeida foi mais longe: "Os governos de gestão decidem coisas que não deviam decidir". E exemplificou com o projecto SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança), executado por um governo diferente daquele que o aprovou.
O país parou hoje, às 17.45 horas, para ouvir o primeiro-ministro dizer mais do mesmo sobre o envolvimento do seu nome no caso Freeport: "Estas notícias baseiam-se em fugas de informação selectivas, manipuladas e orientadas com um único fim: atingir-me pessoal e politicamente". Segundo José Sócrates, trata-se de uma "campanha negra" com o "intuito" de atacar a sua honra.
Independentemente de serem ou não fundadas as notícias, está Sócrates em condições para se recandidatar ao cargo de primeiro-ministro?
No discurso que ontem proferiu na cerimónia de Abertura do Ano Judicial, o Procurador-Geral da República sublinhou: "Há que afirmar, clara e inequivocamente, que todos são iguais perante a lei, investigando-se eventuais ilícitos sem olhar a quem eles respeitam. Afirmá-lo e praticá-lo".Embora não especificando qualquer caso, está subjacente que Pinto Monteiro fazia referência ao caso Freeport, ao qual se tem associado o nome do primeiro-ministro.
Hoje, a directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (que está na dependência do PGR), referindo-se ao caso Freeport, disse que "o processo é urgente" por estarem nomes de políticos associados. "Todos os (processos) de políticos têm de ser rápidos, porque são cidadãos que são o nosso espelho e vão intervir sobretudo neste ano de campanhas eleitorais", afirmou Cândida Almeida.
E eu que, ingenuamente, sempre pensei que somos todos iguais perante a lei e que os tempos da investigação criminal e da justiça não se regiam pelos tempos eleitorais. Afinal, parece que estava enganada!
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