Foi assim que o primeiro-ministro se dirigiu, a determinada altura, a José Alberto Carvalho, durante a entrevista que este conduziu, esta noite, juntamente com Judite de Sousa, no canal 1 da RTP. "Dá-me licença, pá?", disse José Sócrates, indisfarçavelmente irritado, como se estivesse entre camaradas, num momento informal, e não numa entrevista televisiva, em directo, vista por milhões de portugueses.
Ao longo de toda a entrevista, vimos um primeiro-ministro a jogar à defensiva, quase sempre respondendo com perguntas, a tratar os dois jornalistas como se vivessem numa outra realidade que não esta, aos perguntar-lhes se sabiam o que era isto e aquilo, remetendo vezes sem conta quem o ouvia para o site do Ministério das Obras Públicas e até, pasme-se!, para os despachos da Agência Lusa, como se só estes tivessem credibilidade e os trabalhos dos restantes órgãos de informação não merecessem a mínima confiança.
Houve um momento em que parecia que o primeiro-ministro ia literalmente cair em cima de Judite de Sousa, tal era a irritação com que reagia às suas perguntas. Passou o tempo a tentar falar do que o seu Governo fez nos últimos quase quatro anos, como se a entrevista fosse uma espécie de balanço de mandato e não uma oportunidade para esclarecer várias as questões que estão actualmente em debate e preocupam os portugueses.
José Sócrates mostrou-se um primeiro-ministro desorientado, descontrolado e, sem dúvida, mal preparado para esta entrevista. Contudo, a sua postura - desde as expressões utilizadas, às respostas dadas aos gestos - dará, sem dúvida, boa matéria de análise para os especialistas em comportamento humano.
... e quem diz a verdade não merece castigo. Vejam com atenção esta entrevista passada num canal de televisão brasileiro.
Só hoje tive oportunidade de ler a entrevista de Pedro Santana Lopes à revista Pública, em que ele confirma o seu desejo de regressar à liderança da Câmara Municipal de Lisboa, de onde, aliás, segundo o próprio, nunca deveria ter saído. Santana Lopes sempre foi ambicioso. Muito ambicioso e o poder atrai-o de sobremaneira. Ninguém acredita, por isso, que a sua ida para o Governo, em 2004, se tenha devido apenas ao facto de o partido "nunca o perdoar" se não aceitasse substituir Durão Barroso no cargo. Ele próprio admite, na entrevista, que estaria a "prejudicar-se para sempre" caso recusasse o convite.
A ambição de Santana é tal que o próprio só admite exercer mais algum cargo político se for "para tentar estar dois mandatos em Lisboa" e que, desta vez, "nada, mas nada, mas nada" o fará abandonar a Câmara antes de cumprir os dois mandatos. Esquecer-se-á Santana Lopes que a voz do povo é soberana e só os eleitores lhe permitirão, em última instância, cumprir os dois mandatos? Que fará caso, nas segundas eleições, não for o escolhido? Tomará a governação da Câmara à força?
Se, repito, se for eleito, espero que não tente manobrar a imprensa como o fez anteriormente e que se rodeia de uma equipa de assessores melhor preparada. Guardo religiosamente uma carta de uma das suas chefes de gabinete a propósito de um comentário meu publicado no Jornal de Notícias. Trata-se de uma verdadeira relíquia, acreditem! A minha primeira reação foi rir. Depois, foi a de pena para com aquela. Cheguei mesmo a ter vontade de aconselhá-la a voltar à escola para (re)aprender a escrever português e a tirar um curso de assessoria, onde lhe ensinariam, entre outras coisas, que em política está-se mais exposto à crítica e há que ter algum poder de encaixe e não cair na tentação de enviar cartas a jornalistas por tudo e por nada. Sob pena de se cair no ridículo!
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