Não há semana em que não se registe pelo menos um caso de perturbação na circulação de comboios da rede do Metropolitano de Lisboa. Ou por causa de uma avaria técnica que nunca é devidamente explicada, ou por um motivos alheio à empresa (seja porque alguém que se sentiu mal ou decidiu ir explorar os túneis) ou por uma outra razão qualquer. Ainda na última sexta-feira a circulação na linha Azul esteve mais de 20 minutos interrompida por um desses motivos alheios ao Metro. A empresa explicou mais tarde que um passageiro accionou o sistema de segurança, devido ao cheiro a fumo, mas que tudo não passou de falso alarme. A verdade é que o primeiro comboio a chegar à estação Baixa/Chiado cheirava intensamente a fumo, o que foi logo notado por todos e, como diz o povo, não há fumo sem fogo! Também já fui obrigada a apanhar um táxi porque alguém decidiu passear pelos túneis e a empresa não sabia dizer durante quanto tempo o serviço estaria interrompido (compreensível, neste caso!). O que eu não compreendo é por que razão foi devolvido o dinheiro aos passageiros que tinham bilhete e quem tinha passe (como era o meu caso), além de não ter sido compensado, ainda teve que pagar transporte alternativo. Afinal, parece que no Metropolitano de Lisboa há uns que são mais clientes do que outros. Já para não falar na inexistência de casas-de-banho nas estações, das portas automáticas que não reconhecem os títulos de transporte ou que entalam os passageiros, das notícias retardadas que nos são dadas nos ecrãs de televisão ou da falta de informação sobre a chegada do próximo comboio, tão propalada há vários anos. Mas isso são contas de outro rosário!
Dois dias depois de eu ter, finalmente, visitado a Livraria Byblos, eis que surge a notícia do seu encerramento, devido a problemas económicos. Aquela que há um ano foi apresentada como a maior livraria do país, que ocupava uma área de cerca de 3300 metros quadrados nas Amoreiras (Lisboa) e oferecia 150 mil títulos, não conseguiu resistir à crise económico-financeira mundial.É sempre de lamentar quando uma livraria encerra. Não só porque são lugares de trabalho que se perdem, mas também a oferta cultural de um país fica mais pobre.
Não sei até que ponto não existiram erros de estratégia aquando do lançamento do projecto. Uma das situações que mais estranheza me causou quando entrei na Byblos foi o facto de aquele espaço enorme estar praticamente vazio de clientes. Sem exagerar, não chegavam à meia-dúzia. E o espaço é bastante agradável de se estar e com uma variedade enorme de produtos, desde livros, revistas, CD, DVD, videojogos, restauração, auditório, entre outros. O que me levou até lá foi, precisamente, um seminário de entrada gratuita.
Mas isto não é suficiente. O facto de se localizar numa zona não servida por estações de Metro representa uma menos-valia. A mais próxima situa-se no Rato e poucas são as pessoas que, como eu, estão dispostas a fazer o resto do percurso a pé. A inexistência de um cartão de clientes, que hoje em dia é como que sagrado em qualquer livraria, não ajuda a fidelizar clientela. E o sistema de catalogação dos livros é algo confuso. Não entendi por que razão os livros sobre a Igreja Católica e o cristianismo se encontram na estante da Mitologia. E também não compreendi (acreditem que me esforcei bastante) para perceber o critério de arrumação dos livros de literatura português e estrangeira. Se pelo primeiro nome do autor, se pelo apelido.
De facto, a política de informação aos clientes é inexistente na EDP. Como já aqui escrevi, e repito, como entidade prestadora de um serviço público, a empresa não tem só direitos (o de cobrar, e bem!, pelo serviço que presta), mas também obrigações, uma das quais é esclarecer cabalmente os clientes das acções que pretende levar a cabo na sua área de residência, quando estas perturbam o normal fornecimento de energia eléctrica e/ou implicam a entrada de funcionários na nossa casa.
O que se passou, mais uma vez, com os meus pais é bastante ilustrativo do que acabei de escrever. Não se sabe quando, nem porquê, a EDP decidiu colocar um novo cabo na rua dos meus pais, o que implica a substituição do cabo que faz a ligação do poste da rede pública a cada uma das habitações. O que implica que esteja alguém em casa para permitir o acesso dos funcionários da empresa contratada para levar a cabo essa empreitada. Mas ninguém na rua foi avisado da empreitada, nem de quando esta seria levado a cabo.
Imaginem, por isso, o espanto dos meus pais quando lhe bateram à porta a pedir para entrarem no quintal, porque tinham de proceder à substituição do tal cabo. Operação essa que além de obrigar ao corte da corrente eléctrica dentro de casa, provocou danos na pintura da fachada, que foi pintada este verão. E eu pergunto: se, por acaso, não tiver sobrado um resto de tinta, quem vai suportar o custo com a compra de uma lata e pintar o que foi danificado? Será que para uma empresa como a EDP é demasiado complexo avisar os clientes antecipadamente das obras que vai levar a cabo? Não me parece. Mais uma vez, estamos perante um claro desrespeito pelos direitos do consumidor.
Há medidas que, por mais que me tentem explicar o porquê de serem tomadas, não me convencem. Chegam mesmo a indignar-me enquanto cidadã e contribuinte deste país. O recém-criado projecto da Carris - Night Bus -, apresentado ontem pela secretária de Estado dos Transportes, é uma dessas medidas. A partir de agora, às sextas, sábados e feriados, entre as 22 e as 5 horas, quem quiser divertir-se e beber à vontade nos bares e discotecas do Bairro Alto e da zona ribeirinha tem à sua disposição os autocarros da Carris. Gratuitamente. E com intervalos de apenas de 10 minutos.
É preciso não esquecer que a Carris é uma empresa pública, há muitos anos com défices na ordem das dezenas de milhões de euros. Que para compensar a perda de receitas com o passe social recebe do Estado - ou seja, de todos nós contribuintes - indemnizações compensatórias anuais.
Este projecto foi lançado para, diz o Governo, "potenciar a utilização do transporte colectivo, por forma a reduzir a taxa de sinistralidade rodoviária". Ou seja, reduzir o número de acidentes derivados do consumo excessivo de álcool por parte dos noctívagos. Esquece-se o Governo que a maioria dos que frequentam os bares e discotecas dessas zonas não vive em Lisboa e, por isso, num qualquer troço do trajecto até casa terá que pegar no automóvel. Ou arranjar boleia. Ou viajar de táxi. Ou ir a pé...
Eu, uma das contribuintes que paga o défice da Carris apesar de não usufruir dos serviços da empresa, pergunto: é a isto que chamam serviço público? Por que razão quem vai trabalhar tem que pagar o passe mensal e quem vai divertir-se pode viajar gratuitamente nos autocarros da Carris? Por que é que quem vai trabalhar, está muitas vezes 15, 20, 30 minutos à espera de um autocarro e quem se vai divertir aguarda apenas 10 minutos? Por que é que os deficientes e seus acompanhantes, para poderem beneficiar do serviço especial da Carris, têm que pagar por este e quem se vai divertir não? Quem souber quem responda!
É legítimo esperarmos das entidades que prestam serviços públicos que os desempenhem de forma eficiente e, tanto quanto possível, célere. Principalmente, se pagamos antecipadamente para usufruirmos desse mesmo serviço. Há cerca de um mês, regressados a casa depois de um fim-de-semana prolongado, os meus pais encontram o passeio junto à garagem no estado que a foto documenta. Repararam também que o poste de iluminação pública era novo, mas que não tinha lâmpada.
Estranharam o caso. Não tinha havido qualquer aviso de que o poste ia ser mudado (foi o único na rua) e tratava-se do fim-de-semana do 15 de Agosto. No dia seguinte, segunda-feira, telefonaram para a EDP para perceber o que tinha acontecido, mas do outro lado responderam-lhe que não havia qualquer registo de ocorrência ou trabalho realizado naquela morada (?!). À noite, em conversa com vizinhos, souberam que o poste original tinha sido derrubado por um camionista no sábado à tarde e, por isso, o serviço de piquete da EDP tinha sido chamado. Assim sendo, como era possível o atendimento ao cliente nada saber? Cerca de duas semanas depois, e após muita insistência, o passeio foi finalmente arranjado e colocada uma lâmpada no poste. Não sei se como forma de recompensa ou não, bem mais forte do que as que existem na rua, ao ponto de à noite não ser necessário aceder a luz do quintal.
Numa empresa que tem como lema "Sinta a nossa energia", como é possível o serviço de apoio ao cliente não ter acesso, mais de 48 horas depois, ao relatório do que ocorreu numa situação daquelas, ainda para mais, quando esta ocorreu numa altura em que ningém se encontrava em casa? Mesmo tendo em conta que os serviços de reparação foram contratados a um empresa externa, não estará esta obrigada a comunicar à EDP em tempo (quase) real a realização destes?
É por casos semelhantes a este que muitas pessoas optam por denunciar os problemas primeiro os meios de comunicação social e só depois às entidades envolvidas nos mesmos. Quando, enquanto jornalista, as questiono por que razão optam primeiro pelos jornais e televisões, respondem prontamente: "Só assim é que eles se mexem"!
Infelizmente, em muitos casos, é bem verdade.
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