A propósito da crónica de Joel Neto na Notícias Sábado
Só alguém que nunca conviveu com um cão e que é profundamente desconhecedor dos benefícios que essa relação pode ter no desenvolvimento de uma criança, na melhoria da vida de idosos e de pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, no bem-estar de todos nós, em geral, pode perguntar "Para que serve um cão?".
Só alguém que nunca experimentou chegar a casa, depois de um dia em que todos parecem ter-nos abandonado, e encontrar um ser feliz por nos ver, em nos confortar sem nada pedir em troca, pode perguntar "Para que serve um bicho que nos enche a casa de pêlos e que nos rasga a roupa?"
Só alguém que verdadeiramente recusa reconhecer o trabalho desenvolvido pelos cães ao serviço das corporações de bombeiros, das polícias e dos exércitos, dos cães-guias, etc., pode classificar o cão como "um bicho completamente estúpido".
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter e pode ser seguramente afirmado, que quem é cruel com os animais, não pode ser um bom Homem"
(Arthur Schopenhauer)
Um dos sinais mais fiáveis de que a crise económico-financeira bateu à porta das famílias portuguesas poderá ser o aumento do número de animais abandonados. Basta estar atento aos jornais e ao trabalho das várias associações de acolhimento de cães e gatos desamparados e aos canis municipais para perceber que, de facto, há uma correlação directa entre uma e outra. As famílias vêem os seus rendimentos diminuir e começam a cortar nas despesas que consideram supérfluas, neste caso, as que dizem respeito à alimentação e cuidados médicos dos seus animais de estimação.
Este é, para mim, um assunto bastante caro. Não entendo, nem quero entender, como é possível alguém abandonar aquele que é um companheiro fiel, muitas vezes, mesmo quando maltratado e agredido. Desde criança que vivo rodeada de animais, a maioria dos quais adoptados, e não me imagino a viver sem a presença deles. A minha actual cadela, a Pantufa, foi encontrada junto a um contentor do lixo juntamente com os irmãos, há mais de oito anos e, desde então, permanece comigo. Acreditem que é uma óptima companheira, nas boas e nas más horas. Tenho também uma ave, a Lira, da família dos papagaios, que viu o seu futuro negro quando a dona morreu e a família não tinha muita vontade de ficar com elas. E ainda uma rola-da -índia fêmea que um dia se enamorou da rola macho que eu já tinha e que não saía de perto da gaiola deste.
Sempre que posso, tento sensibilizar a família, os amigos e os colegas para a importância da adopção de animais abandonados e dos benefícios que estes trazem ao bem-estar pessoal e familiar. Sempre que posso, encaminho as iniciativas das associações de defesa dos animais e os divulgos os pedidos de ajuda que me chegam das mais variadas formas. Hoje, decidi aproveitar este espaço para divulgar mais um, respeitante a duas ninhadas (8 cães no total) abandonadas na Quinta da Beloura, em Sintra. Deixo-vos aqui duas fotos. Quem puder ajudar e esteja interessado em mais informações, contactem-me através do e-mail fatima.mariano@gmail.com
A propósito das sempre controversas discussões sobre a existência ounão raças de cães potencialmente perigosos, quando se sabe de mais um ataque de canídeos a um ser humano, transcrevo um texto de opinião de Barra da Costa, o qual subscrevo na íntegra:
"A CARAVANA
Legislação populista (condenando de imediado o animal «criminoso») baseada no preconceito (o caminho mais fácil para desculpabilizar o humano bom) classifica hoje certos animais como potencialmente perigosos. Eu defendo que há, por exemplo, cães com potencial e donos perigosos, caso do funcionário municipal alcoolizado que há dias, frente aos filhos incrédulos, disparou a caçadeira sobre o cão da família, que depois deitou ao lixo. Nada justifica, porém, que o ministro da Agricultura afirme que os animais ditos «de ataque» têm de estar fechados e que «isto» não se resolve com campanhas de sensibilização. Ignorou que é pela socialização e educação que se deve actuar e acabou, afinal, por propor «aquilo» que os marginais fazem para tornar os cães agressivos. Miguel Sousa tavares garantiu tamb´m que nunca conheceu um dono de Pitbull ou Rottweiler que fosse equilibrado e comparou estes animais a armas de fogo. Esqueceu os condutores assassinos, os traficantes de droga, ou os verdadeiramente perigosos portadores de estupidez.
Enquanto não se avaliam os animais pelo que são e não por aquilo que pessoas supostamente racionais podem fazer com eles, coloquem-se açaimos nuns e máscaras anti-contaminação de ignorância noutros. E que regresse a fogueira para as bruxas, o azeite a ferver e os esquartejamentos na avenida. E perpetue-se a tradição das touradas, de qualquer tipo. Mas não se esterilizem os cães. Eu também não gostava de ladrar a esta malta. Mas tem de ser."
(Jornal de Notícias, 6 de Dezembro de 2008)
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