Choveu fortemente durante todo o dia. Afinal, estamos em Abril, mês das águas mil.
A esta hora, a chuva continua a cair sem dó, nem piedade, mas, mesmo assim, os funcionários da Câmara Municipal de Lisboa ocupam-se na lavagem das ruas, à mangueirada.
E ainda falam em utilização racional dos recursos...
Não sei se entendi bem, confesso! Na sequência do tiroteio que ocorreu na noite de ontem no Bairro Portugal Novo, nas Olaias, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, disse hoje que "por não se tratar de um bairro municipal, mas sim de iniciativa de uma cooperativa" é uma propriedade "estranha ao município". E, por isso, a autarquia nada tem a ver com o assunto.
Mesmo já tendo sido alertada pela PSP e pela própria Junta de Freguesia dos problemas de insegurança e de degradação urbanística e social sentidos naquela zona, a Câmara descarta-se de qualquer responsabilidade só porque o bairro não é municipal. Aquele, diz António Costa, é um caso de Polícia, dos polícias da esquadra que ali funciona mesmo ao lado.
Quem ali mora não tem os mesmos direitos, nem a mesma atenção por parte da Câmara de Lisboa por não viver num bairro municipal. Se o pensamento é este, então grande parte do território do concelho não é da responsabilidade da Câmara. Então, não se entende por que razão os agentes da Polícia Municipal patrulham a zona da Baixa/Chiado, uma vez que ali não existem casas municipais. Não se entende por que é que estes mesmos agentes patrulham a zona das Avenidas Novas. Aqui, também não há casas municipais, bem pelo contrário.
Não sei se entendi bem, confesso!
José Sá Fernandes, o vereador da Câmara de Lisboa que arrendou a praça do Marquês de Pombal e a Praça do Comércio à TMN para uma campanha de Natal de gosto muito duvidoso, que arrendou a Praça da Alegria para que uma marca automóvel ali fizesse, durante três longas semanas, uma campanha publicitária, que arrendou, entre outros locais, a Praça de Espanha para que a Região Autónoma dos Açores promovesse o turismo, é o mesmo que hoje apresentou uma proposta para que não seja afixada propaganda eleitoral em zonas emblemáticas da cidade. O argumento? "Ser respeitador quanto à protecção de vistas e a não ocupação de passeios"!
O cidadão pergunta:
- e os projectos planeados e/ou aprovados para a zona ribeirinha que também violam as protecções de vistas?
- e os muitos obstáculos que a Câmara autoriza nos passeios sem ter em conta os problemas que criam aos transeuntes?
- e os muitos eventos aprovados pela autarquia, que lhe permite embolsar milhões de euros, e que impedem a livre circulação de veículos e peões, aumentam a poluição visual, sonora, do ar?
- etc., etc., etc
Será que o Zé ainda faz falta?
É oficial: Pedro Santana Lopes é o candidato do PSD à presidência da Câmara Municipal de Lisboa nas autárquicas do próximo ano.
Será que Lisboa já terá recuperado dos traumas do abandono? Será que Lisboa está disposta a perdoar e a dar uma segunda oportunidade?
Não percam os próximos episódios deste romance...
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