Quase todos os dias me cruzo com ele nas carruagens do Metropolitano de Lisboa. Deve ser rapaz para os seus 30 anos. Cabelo e barba pretos, mal-aparados. Na mão direita, a bengala branca. Ao peito, a lata na qual recolhe as esmolas que lhe dão, que depois guarda nos bolsos das calças de ganga. Com a gaita de beiços faz soar músicas com as quais tenta amolecer os corações mais duros.
Quase todos os dias me cruzo com este jovem invisual nas carruagens do Metropolitano de Lisboa. E quase todos os dias, independentemente do número e do valor das moedas que lhe dão oiço, os seus improprérios contra tudo e contra todos. As suas ofensas são de tal ordem que, por várias vezes, assisti a troca de galhardetes entre ele e alguns dos outros passageiros do Metro. Houve mesmo alturas em que, por pouco, não chegavam a vias de facto.
Quase todos os dias me cruzo com ele nas carruagens do Metropolitano de Lisboa. Nunca lhe dei uma esmola. Não sei se alguma vez lhe darei. Como muitas outras pessoas, não estou para ser insultada por alguém que não sabe reconhecer o bem que lhe fazem. Revoltado, sim, mas mal-criado, não!
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