Praça de Londres, junto à famosa pastelaria Mexicana, uma das zonas mais chiques e movimentadas de Lisboa. Final de uma tarde solarenga. Num dos bancos de jardim, um idoso cai ao chão e fica a queixar-se de dores num dos braços. Aproximo-me e tento levantá-lo, mas não consigo. Olho desesperada à minha volta, mas todos quantos assistem àquela cena pura e simplesmente ignoram as dores do velho e os meus apelos de ajuda. Finalmente, uma senhora aproxima-se ajuda-me a sentá-lo e posso finalmente ligar ao 112. Nesses poucos instantes apercebo-me que o velhote é um pobre indigente, com sinais de embriaguês e que não percebe uma palavra de português. Tem aspecto de ser do leste europeu, mesmo pelas poucas palavras que tartamudeia. Enquanto aguardamos os três pela chegada da ambulância, o pobre homem continua a queixar-se de dores do braço, de vez em quando chora e enconde a cara, para longo em seguida nos beijar a mão em sinal de agradecimento. Na rua continuam a passar pessoas, mas todas elas ficam indiferentes à dor daquele pobre homem. Até olhar para a montra de uma sapataria, cujas portas estão já fechadas, é mais importante do que tentar saber se aquele pobre homem precisa de ajuda. Nem os taxistas, com os carros mesmo estacionados à nossa frente, se dignaram perguntar se era preciso alguma coisa. Nem os clientes da fina pastelaria Mexicana, que a tudo assistiram desde o início, se incomodam a fazer seja o que for. Chega, entretanto, a ambulância e as duas jovens médicas tomam conta do pobre homem, que deve ter à volta de 70 anos. Alguns transeuntes páram, finalmente, para ver o epílogo desta verdadeira tragédia humana.
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