Depois de ter dirigido críticas tão contundentes a figuras proeminentes do PS e ao próprio Governo socialista sobre a criação de climas de suspeição e manipulação de factos/notícias, tem o Presidente da República condições para dar posse a um novo Governo socialista? Que tipo de convivência poderá existir entre duas instituições que se atacam e criticam mutuamente? Que confiança podem ter os portugueses nestas instituições?
Como milhares de portugueses, às oito em ponto lá estava eu diante do televisor expectante quanto à declaração do Presidente da República sobre o caso das alegadas escutas de Belém. O facto de ser uma comunicação ao país e não uma conferência de imprensa, o que impedida a colocação de perguntas por parte dos jornalistas, não augurava nada de bom. Cavaco queria honrar a palavra, de que falaria após as eleições, mas não queria que lhe colocassem perguntas incómodas, às quais não queria (ou saberia) responder.
Cavaco acabou por falar, mas não disse nada. Tal como milhares de portugueses, não percebi se desconfia ou não de que está (ou esteve) sob vigilância, não entendi por que razão mandou inspeccionar e reforçar a segurança do seu e-mail, por que não demitiu Fernando Lima e outras questões importantes. Cavaco saiu muito mal na fotografia. Se, de facto, suspeitava que estava a ser vigiado, deveria ter agido na altura, utilizando os meios que tem à sua disposição. Se não suspeitava e o seu assessor se excedeu, deveria demiti-lo e não apenas afastá-lo da assessoria de imprensa. Será que algum dia os portugueses saberão o que realmente se passou?
Sem surpresa, o PS venceu estas eleições legislativas. Digo "sem surpresa" porque, como referiu João Miguel Tavares no «Governo Sombra - extraordinário» (TSF) de ontem à noite, entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, sem dúvida que o líder socialista dá um melhor primeiro-ministro. Mas esta é apenas uma meia-vitória, pois não tendo o PS maioria no Parlamento, terá que aprender a negociar, à Esquerda ou à Direita, para que consiga a aprovação dos seus projectos. Caso contrário, como já vaticinou o socialista João Cravinho, este novo governo não durará mais de dois anos.
José Sócrates apelidou de «extraordinária» a vitória do PS nestas eleições legislativas. O que tem de extraordinário perder meio milhão de votantes? O que tem de extraordinário perder 25 deputados? O que tem de extraordinário conseguir mais votos do que o PSD, cuja líder, sem chama, chegou a admitir publicamente que não se candidatou à liderança do partido para ocupar o lugar de primeira-ministra?
O secretário-geral do PS disse ontem que ainda era cedo para falar na constituição do novo executivo. Mas há uma questão que o povo português merece que seja rapidamente esclarecida: que José Sócrates vai liderar o novo Governo? O José Sócrates que governou nos últimos quatro anos, egocêntrico, autoritário, que lida mal com a liberdade de expressão e que preza demasiado a sua vida privada, ou o José Sócrates da campanha eleitoral, humilde, companheiro, que reconheceu os erros e as falhas de governação, que até invocou os filhos e a namorada para conseguir a simpatia do povo? Fica a pergunta!
... REFLEXÃO!
Estamos na véspera das eleições legislativas. Dia que a lei consagra à reflexão. Está, por isso, proibida "toda e qualquer actividade que vise directa ou indirectamente promover candidaturas, seja dos candidatos, dos partidos políticos, dos titulares dos seus órgãos ou seus agentes ou de quaisquer outras pessoas" (art. 61º da Lei Eleitoral da Assembleia da República). Quem violar a lei "será punido com prisão até 6 meses e multa de 2,49 a 24,94€" (art. 141º).
Só no caminho de casa para o emprego cruzei-me com dezenas de cartazes de propaganda partidária, onde as várias candidaturas apresentam as suas propostas de governo e criticam os adversários. Não é isto uma clara violação da lei?
No próximo domingo, nós, cidadãos eleitores, teremos nas mãos o poder de decidir que futuro queremos para o nosso país. Mais do que um dever, o poder de votar é um direito do qual não deveremos abdicar nunca, sob pena de estarmos a trair todos aqueles que ao longo de séculos e séculos lutaram para que esta fosse uma faculdade universal. Não nos esqueçamos da História. Dos períodos em que só os detentores de determinados títulos nobiliárquicos, académicos, de riqueza ou pertencentes ao chamado sexo forte (?!), poderiam decidir quem queriam que os representasse.
No próximo domingo, nós, cidadãos eleitores, teremos na mão o poder de nomear quem queremos que nos represente na Assembleia da República e qual o partido que queremos que nos governo nos próximos quatro anos. Queimados que estão os últimos cartuchos de duas semanas de campanha eleitoral, é tempo de esquecermos as arruadas, os comícios-espectáculos, os discursos floreados e reflectirmos verdadeiramente nas propostas de cada uma das candidaturas, analisar o percurso de cada um dos candidatos e decidir em consciência o que consideramos ser o melhor para o futuro do país. Essa é uma responsabilidade à qual não podemos, não devemos fugir. O voto é um instrumento demasiado poderoso para que deixemos o utilizar.
Se está em Castelo Branco ou nos arredores, aproveite para dar um saltinho à Quinta da Dança onde hoje se realiza mais um encontro nacional de coleccionadores de pacotes de açúcar, organizado pelo CLUPAC.
E se o preço de um serviço que utiliza diariamente sofresse um aumento de mais de 300% de um dia para o outro e sem qualquer aviso prévio? Possivelmente, sentiria o mesmo que os utentes da A23 (auto-estrada que liga Ericeira/Mafra/Malveira), que de um dia para o outro viram o custo da portagem subir de 0,60 euros para 2,10 euros. Sentiria que estava a ser descaradamente roubado! Ainda para mais, por uma empresa municipal - Mafratlântico -, que, em comunicado, explica apenas que até ontem os utentes pagavam "a título provisório", taxas fixas independentemente do trajecto que efectuassem. Será a isto que se chama justiça social?
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