... ou a arte de bem fazer política à portuguesa
Nem o facto de se situar na Avenida da Liberdade, uma das artérias
mais turísticas de Lisboa, nem o facto de no próximo fim-de-semana serem aqui esperadas milhares de pessoas (devido à realização de um espectáculo de Fórmula 1), parecem ser factores suficientemente importantes para que a Câmara Municipal de Lisboa tenha já intimado o proprietário do edifício que há cerca de três meses ardeu por completo e que se tornou numa autêntica lixeira ao ar livre.
Há poucos dias passei no local e deparei-me com um cenário digno de uma cidade em guerra ou de terceiro mundo. Além do entulho resultante da queima do interior do edifício ocupar parte do passeio, as grades de protecção não evitam que quem quiser possa aceder ao interior do imóvel. Com todas as consequências que daí podem advir.
O presidente da Junta de Freguesia de São José lançou hoje um repto à Câmara para que esta intime o proprietário do prédio (uma Junta de Freguesia do Alentejo), mas a verdade é que a autarquia deveria tê-lo feito há muito tempo. Em vez de se preocupar em ceder espaços públicos para a organização de actividades privadas, como pessoa de bem que é, a sua primeira preocupação deveria ser para com a segurança de todos quantos vivem e usufruem de Lisboa e a limpeza da cidade. Em vez de espectáculos mediáticos que poucos ou nenhuns benefícios trazem à capital.